“Como usar coisas bregas de um jeito bacana” é inspirado no que a Vivi do Dcoracao fez esta semana e gerou uma encrenca danada, com muita gente reclamando da Vivi que, devo dizer, por conhece-la, é uma das pessoas que me parece menos se importar em estar, ser ou usar algo “brega”. Realmente, sei que ela não vê o “brega” (assim como eu) como algo ruim ou que desvaloriza quem usa. Portanto entendi o q ela quis dizer. Espero que vocês também compreendam:
“Brega” é igual “bonito”
O que eu acho bonito vc pode achar feio. Brega é o que você pensa que é Brega (ou colocaram na sua cabeça que é..). Pode não ser para mim, é uma coisa pessoal também – só que, como o “Bonito”, muitas coisas adquirem socialmente o status de “brega” em um certo momento. O Brad Pitt, por exemplo, é considerado bonito, certo ? Mas deve haver quem o ache feio e é certo que em algum momento da história ou em algum lugar ele seja ou teria sido considerado feio pela maioria das pessoas.
Texturas rústicas, plantas artificiais, capas de eletrodomésticos, quadros dípticos ou trípticos reproduzidos às centenas, esculturas de jardim, paninhos de crochê…são coisas consideradas por muitas pessoas, como “bregas”.
Porque as coisas se tornam bregas em algum momento
A minha teoria é que existem 3 razões para que as coisas sejam vistas, em algum momento, como bregas:
1a. razão – Repetição exaustiva
Lembro bem, alguns anos atrás que samambaia era “brega” Como pode uma planta ser brega, gente? Mas é que com ela aconteceu o que acontece com muita coisa: Foi usada até a exaustão! Toda casa tinha samambaia nos anos 70….Agora samambaia é cool devido à moda do Urban Jungle. Quanto tempo vai demorar para voltar a ser considerada brega novamente? Talvez nunca, talvez daqui a pouco…
Assim como os quadrinhos “Keep Calm…and Carry On” , por exemplo. Alguém lembra? Em todo site e revista aparecia uma quadrinho com estes dizeres… Qdo começou a cansar parece que tentaram dar um gás a mais inserindo qquer frase depois do “Keep Calm”. E agora, desapareceu!
Tudo que é repetidamente usado, em trocentas casas, acaba perdendo “sua alma”. Fica maior que a personalidade do dono da casa, logo, não representa uma coisa dele, mas sim um modismo que acaba cansando de tão repetido.
2a. razão – Imposição de mercado
Eu não tenho nenhuma prova para essa “acusação”, mas não encontro nenhuma outra razão para, muitos anos atrás (e ainda hoje, mas em menor grau) visitando algumas cidades no Brasil eu perceber, principalmente os jovens, chamando de brega quase todo o produto artesanal da região. Obras de arte do crochê eram “produto pra turista” que eles não usavam em suas casas, roupas, etc.
E o que usavam? Produtos industrializados. Marcas famosas. O que era moda nas grandes cidades como RJ e SP.
Maravilhada com aquelas belezas eu só podia acreditar que aquelas pessoas estavam sendo influenciados por meio da propaganda, das novelas, da televisão. Até hoje podemos ver o poder da indústria ditando o que é IN e o que é OUT. O que é chic e o que é brega. Então, não é difícil crer nessa “teoria da conspiração”… não é mesmo?
Mas as reviravoltas e “resgates” acontecem sempre e agora o artesanal deixou de ser brega (e em algumas situações tbém deixou de ser artesanal, mas essa é outra história….) e está em todo canto. Até quando?
3a. Razão: Preguiça
Sim. A preguiça é, para mim, a raiz de todos os males quando se trata de decoração. É ela que faz as pessoas copiarem o que viram na TV, na casa de outra pessoa, nos sites, nas revistas… sem parar para pensar onde está ou como inserir a sua personalidade, criatividade, originalidade naquela coisa que viu, gostou e quer usar – não há nada errado nisso, mas copiar exatamente é outra história…. Porque, afinal, o pinguim de geladeira preto e branco foi, por muitos anos, usado em tantas casas, mesmo depois que a geladeira não poderia mais ser confundida com outro móvel ou eletrodoméstico?
Pois é. Você sabia? ” Nos anos 1950, os refrigeradores eram bem diferentes dos atuais. Em lojas de artigos domésticos, eles eram confundidos com grandes armários de louça ou comida. Para deixar claro quais eram as geladeiras, a fabricante de geladeiras Kelvinator entregou às vendedoras estatuetas de cerâmica em formato de pinguins. Elas eram deixadas em cima dos eletrodomésticos e chamavam a atenção dos clientes, que pediam para levá-las para casa quando faziam a compra.”– Veja aqui a história toda.
Algum tempo atrás o pinguim voltou, com outra roupagem, colorido e desligado dessa história acima. Agora praticamente voltou ao ostracismo da moda…
Então, não sou contra o brega nem o uso dele enquanto é considerado brega pela maioria – tudo vai ser brega um dia e é corajoso assumi-lo. Mas não podemos ter preguiça – Vamos usar o brega de um jeito que seja nosso, original e criativo! Vamos nos apoderar dele e mostrar quem manda na nossa casa!
Como usar coisas bregas de um jeito bacana
Para usá-lo de um jeito bacana, na minha opinião, é necessária uma destas 3 atitudes:
1) Assumir o brega como característica pessoal ou do ambiente – Neste caso, é usar a coisa no seu jeito brega mesmo, inserindo o humor que acompanha esta postura. Em geral, casas com esta característica são muito interessantes. E existe até nome para o estilo (se vc quiser que todo o ambiente seja assim) : kitsch!
Paninho de crochê, flor artificial, anão de jardim ? Se até o Philippe Starck pode, porque vc não vai poder ???
2) Evoluir o conceito – O que podemos chamar de “releitura” (se a gente quiser ser chic, rs!). Resgatar e tornar contemporâneo o “brega”
Um ônibus na Europa cujas cadeiras foram revestidas com crochê; O anão de jardim em uma cor só, na sala; Textura discreta, com cor neutra e bem iluminada; diversos paninhos de crochê fazendo um caminho de mesa super atual
3) Acrescentar algo ou modificar o elemento, de forma que você se “apodere” novamente dele – É o caso de usar o tal “brega” de uma forma inusitada ou acrescentar a ele outras características que não seriam usuais.
Paninhos de crochê revestindo luminária; um anão-vigia e armado!!! ; Os bichos de pelúcia da cadeira maluca dos irmãos Campana e o pinguim todo diferente!
Afora que existe uma outra opção, para a) aqueles objetos que por muito tempo foram usados e que se descobriu que traziam malefícios à saúde, meio ambiente,etc, como bichos de pelúcia em quartos de bebê e casacos de pele b) Objetos que não são funcionais, como as capas de máquina de lavar em crochê, que mais dão trabalho do que protegem: E a opção é 4) Deixar de usar mesmo!
Enfim, o “brega” pode e deve ser usado. Afinal, o “cool” de hoje é o “brega” de amanhã. E, como tudo, deve-se saber usar para conseguirmos o efeito que desejamos, sem nunca esquecer da funcionalidade e do conforto. E tenho certeza que é também esta a visão e opinião da Vivi.
Parabéns pelo comentário feliz.
Sim, Ellen. É um assunto complicado mesmo…Qto ao “popularizou” tbém é uma palavrinha triste, né ? É claro que um móvel caro não fica “popular” mas, mesmo assim, há o modismo no caro. (Talvez o termo “virou moda” seja melhor que o “popularizou). É só vc abrir revistas de decoração e ver a repetição enorme de inúmeros itens super caros… E depois eles somem… daí a pouco voltam novamente… Não é mesmo?
Porque não dizem que é (ou ficou) brega ? Eu realmente não sei… Pq acho que caberia sim, se é que alguém tem que caracterizar algo assim. 🙂
bjo
Rosana
Uma coisa que me intriga muito do discurso “popularizou” é que as peças ou móveis de design são tão caros que fica difícil de ser repetido em todas as casas. Já pensou se fosse barato e todos tivessem a oportunidade de usa-los? Seria tudo brega?Enfim. Acho que o brega é um assunto complicado.
Oi, João Paulo,
Não sei se vc está falando de mim ou da Viviane Pontes. De qquer forma, eu sei que ela (nem eu!) não queria atacar ninguém. Talvez não tenha sido feliz. Esta coisa de escrever sobre termos questionáveis é muito complicado…
abs
Rosana
Oi, Ivan!
Acho que o brega nunca deveria ser pejorativo… Infelizmente, é assim que é, na maioria das vezes, usado.
abs
Rosana
Isso mesmo!
Obrigada, Sandra!
bjo
Rosana
Oi Rosana!
Gostei muito, e de tudo um pouco. Não ligo para o que dizem ser “brega” e nem para o que está “na moda”, gosto simplesmente de olhar o ambiente e sentir que ali tem vida, e que de alguma forma está passando uma mensagem, uma idéia ou uma emoção. Por isso eu te parabenizo pelo texto. Muito bom!!!
Eu particulamente amooo quando os meus amigos chegam em minha casa et dizem que est minha cara. Acho que o ambiente de sua casa, deve-se ser decorado conforme seu gosto, sua personalidade, sua identificacao…. Nao adianta eu comprar uma obra de arte pq esta na moda si eu nao ,e identifico et nao sei o significado que ela me trouxe naquela ocasiao, tudo tem sua definicao.
Ser brega nao est um problema, est saber dosar o que vai com tua casa, et com o espaco que ela te oferece.
O Sig Bergamin por exemple consegue encharcar, colocar um monte de coisas bregas em suas decor et fica bonito. As vezes nem sempre o brega est pejorativo gentchy.
Importante est estar feliz com a armonia de sua decor.