Combinação de cores – Tudo neutro sempre dá certo?

Há uma tendência forte de ambientes usando somente cores neutras. E a ideia de que os neutros são tão fáceis de combinar que “tudo dá certo quando tudo é neutro”. Mas não é bem assim.

Em primeiro lugar, muitos de nós, inclusive eu, chamamos de neutra uma variável enorme de cores. No sentido mais estrito, neutros são somente o branco, o preto e todos os cinzas decorrentes da mistura destas 2 cores, que também tecnicamente nem são cores, mas isso é outro assunto. O cinza puro não é uma cor quente nem fria. É neutra.

Mas ao misturarmos o cinza com outras cores criamos uma paleta imensa de novas cores que, devido ao cinza, diminuem sua “força” ou presença, o que faz com que acabem sendo mais fáceis de harmonizar com cores mais vivas e de presença forte.

Além disso, muitas vezes cores que existem na natureza, como a da maioria das madeiras naturais, terras e até azuis, acabam sendo tratados como “neutros” ou chamados assim. Não estou dizendo que isso é o correto, mas sim que é usual.

Exemplos de cores que muitas vezes chamamos de neutras. Em geral, misturas de uma cor e cinza.

Por isso, ao combinar neutros devemos sim, ter cuidados que dependem do seu objetivo:

1) Combinação de neutros sem contraste:

No quadradinho acima, há neutros tendendo para o bege, azul, vermelho, verde e um cinza puro. Todos similares em seus tons, sem criar um contraste claro/escuro forte.  Bom para ambientes onde se deseja tranquilidade, mas temos que nos preocupar com a apatia q este tipo de combinação pode trazer. E usando neutros com cores base diferentes, como neste caso, é importante testar as cores pois, mesmo neutras, podem não combinar.

Nesta sala, retirando a moldura do espelho, o vaso na mesa e a almofada listrada, há o uso de neutros tendendo para o verde, vermelho, amarelo e cinza sem grande contraste entre eles. Veja a importância destes elementos mais fortes e das diversas texturas usadas (vidro, prata, espelho, tecidos brilhantes, etc) para o interesse deste ambiente.

2) Neutros com contraste:

Se seu objetivo for um ambiente com mais presença, mesmo usando neutros, use-os mais claros e outros mais escuros. O Contraste aumenta o interesse.

Nesta sala, o forte contraste do preto e branco, além do uso de neutros avermelhados (parede), acinzentados (piso) e da madeira mostra que um ambiente pode ser “forte” praticamente só com cores neutras.E, novamente, usando neutros com cores base diferentes, é importante testar as cores pois, mesmo neutras, podem não combinar.

3) Dois da mesma “família” :

Uma forma de facilitar a combinação dos neutros é usar cores diferentes da mesma “família”, isso é: Veja que neste quadradinho usei 2 tons de neutros tendendo para o marrom  e 2 tons de neutro tendendo para o azul, além de um tom de neutro tendendo para o vermelho. Quando você deseja combinar revestimentos  diferentes no banheiro, por exemplo, usar neutros da mesma “família” facilita muito a harmonia.

Neste quarto, da Mostra Casa Cor Curitiba de 2009 (Helena Rolin, Leticia de Moura e Andreia Rocha), tons mais claros e mais escuros de neutros tendendo para cinza e para rosa, com o toque da madeira – neutro tendendo para marrom – do piso.

Aqui veja 2 exemplos de combinação de revestimentos chamados neutros: o 1o. usa 2 neutros tendendo para o marrom e o segundo usa um tendendo para o marrom e outro tendendo para o rosa(vermelho). Apesar de serem 2 neutros, a segunda dupla não fica bem, não combina. E o pior, os fabricantes chamam todas estas cores de “bege”.

4) Todos da mesma “família”:

Seria quando, além de usar só neutros, você usa todos eles derivados da mesma cor, criando uma monocromia, que pode ser muito harmoniosa. Neste caso, para evitar monotonia, o ideal também é variar bastante as texturas usadas no ambiente (veja sobre texturas aqui).

Neste quarto foram usadas cores neutras baseadas todos no marrom

Gostei de fazer este post! Guarde estes quadradinhos, eles podem lhe ajudar.

Fotos: ark-arquitetura, CasaCor, sitededecoracao, casaabril